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JK toma posse na Presidência da República em 31 de janeiro de 1956.
Três meses depois, em 18 de abril, o Presidente assina em Anápolis
a mensagem 1234 dirigida ao Congresso Nacional criando a Companhia
Urbanizadora da Nova Capital Federal (Novacap). Este projeto é convertido
na lei 2874, em 19 de setembro de 1956. Após a homologação da lei,
JK providencia sua 1a. viagem ao Planalto Central. Esta ocorre no
dia 2 de outubro de 1956. No local, em meio à vastidão do cerrado,
havia apenas uma faixa de terra vermelha, onde é hoje a rodoferroviária,
que, aberta por Bernardo Sayão, servia de pista de pouso para os aviões.
Era tudo muito deserto e os únicos moradores da região eram os membros
de uma família que morava em um local denominado Fazenda do Gama.
Depois desta 1a. viagem, centenas de obras foram feitas. JK vinha
ao Planalto Central pelo menos 2 vezes por semana para acompanhar
os trabalhos de limpeza do terreno e terraplanagem. Em conseqüência
disto, seus amigos e assessores, envolvidos na construção da cidade
resolveram construir um local onde o Presidente pudesse se instalar
quando de suas visitas à cidade. Assim, é construída a 1a. obra de
Brasília, o Catetinho. Este foi feito em 10 dias, de 22 a 31 de outubro
de 1956. Na verdade, o Catetinho foi um símbolo de tudo aquilo que
estava ocorrendo: coragem, união e determinação. Em meio a isto tudo,
lança-se o Concurso do Plano Piloto para escolher o melhor projeto
urbano da nova Capital. 26 candidatos apresentaram seus projetos e
o vencedor foi Lúcio Costa. Seu projeto era simples e de fácil compreensão:
apenas alguns riscos no papel e algumas páginas explicativas contendo
as informações essenciais. O ritmo de construção da cidade crescia.
A cada dia, chegavam pessoas de várias regiões do pais. Em 3 de maio
de 1957 é celebrada a 1a. missa na futura Capital, por Dom Carmelo
Motta, na época arcebispo de São Paulo, junto ao histórico Cruzeiro,
ponto mais alto do quadrilátero do Distrito Federal, contundo com
a presença das maiores autoridades do país. A dinâmica permanece e
gradativamente constroem-se os prédios residenciais e os que alojariam
os órgãos públicos. O número de operários aumenta a cada dia. No início
de 1957, eram 2500 operários, no início de 1959 já estavam em torno
dos 65 mil. Os grandes responsáveis pelo dinamismo das construções,
além da força e do ânimo dos operários, foram, entre outros: Israel
Pinheiro, presidente da Novacap, supervisor das obras, Bernardo Sayão
engenheiro responsável, entre outras coisas, pelas vias de comunicação
por terra, e Ernesto Silva um pioneiro sempre envolvido com a nova
Capital e que como um dos diretores da Novacap desenvolveu seu trabalho
com uma dinâmica admirável. Os artistas da futura Capital têm em Lúcio
Costa e Oscar Niemeyer seus dois grandes representantes.
O primeiro foi quem projetou a cidade, e o 2o. os prédios que dela
fariam parte. O 1o. núcleo habitacional de Brasília foi a Candangolândia.
Neste, as casas eram de madeira, bem simples, construídas para alojar
os funcionários da Novacap. Porém este local não era o bastante e
nem possuía a infra-estrutura necessária para estabelecer-se definitivamente
uma cidade nesta região. Desta forma incentivou-se a vinda de comerciantes,
dos mais diversos ramos, para a futura Capital. Estes receberam, em
um local determinado por Bernardo Sayão, lotes onde provisoriamente
montaram seus estabelecimentos comerciais e suas residências. O local
passa a chamar-se "Cidade Livre", uma vez que qualquer um poderia
nela se estabelecer. E a cidade começou. As pessoas vinham, ganhavam
o lote e com verbas próprias compravam a madeira, construíam seus
barracos, seus estabelecimentos, puxavam a água faziam as fossas e
se instalavam. Este local deveria ser destruído após a inauguração
da cidade, uma vez que no Plano Piloto haveria espaço bastante para
todos morarem. Porém nenhuma das coisas aconteceu.
O Núcleo Bandeirante existe até hoje, assim como outras cidades nos
arredores de Brasília que foram construídas para alojar aqueles que
não possuíam poder aquisitivo para comprar ou alugar um imóvel no
Plano Piloto. Brasília desempenha um papel fundamental no governo
JK. A política desenvolvimentista, que possuía como meta básica o
crescimento econômico, tem na nova Capital um de seus pontos mais
fortes. A construção de Brasília é importante devido às influências
que esta teve sobre as estruturas política, econômica e social do
país. Em termos políticos significou a centralização da administração
federal. Quanto às questões econômicas, a mudança da Capital para
o interior significou a interiorização do processo desenvolvimentista,
isto é, levar para o interior o desenvolvimento econômico. A questão
social é conseqüência direta destes fatos, ou seja, tudo isto cria
novas frentes de trabalho e estimula o êxodo das grandes cidades para
o centro do país através da colonização dos lugares ao longo das novas
estradas. Porém o local que mais atrai aqueles que buscam novas perspectivas
de vida é Brasília, que desde o início de sua construção significou
a esperança de novos dias.
Os candangos chegavam ao Planalto Central sós e repletos de ideais.
Moravam em acampamentos construídos de barracões e tendas de lona
e trabalhavam diariamente uma media 14 horas. Isto nos horários mais
diversos, tanto, de dia quanto de noite, já que a construção da cidade
não podia parar. Os problemas enfrentados pelos operários eram os
mais diversos. O custo de vida na cidade era altíssimo. Tudo saía
mais caro devido à dificuldade com que os produtos chegavam à futura
Capital uma vez que, além das distâncias, o sistema rodoviário no
início do governo ainda era precário. Os salários eram irregulares
e baixos frente aos preços das mercadorias. Na realidade os candangos
enfrentavam uma série de problemas que até hoje permanecem. Como já
foi dito, a maioria deles não teve possibilidade de morar na cidade
que construiu, indo desta forma se alojar nos arredores da cidade,
constituindo, assim a massa populacional das cidades satélites. O
Plano Piloto esta reservado para a população de classe média alta
e alta.
Brasília foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960. Muitos dos que
a construíram retornaram aos seus locais de origem, porém, outros
permaneceram, e outros tantos continuam chegando na constante busca
de novos dias na Capital da Esperança.
REFERÊNCIA:
TAMANINI, Brasília - Memória da Construção
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