No dia 17 de abril de 1980, em ato solene que contou com a presença do povo e do mundo oficial, é lançada a pedra fundamental do Memorial JK. No dia 12 de setembro de 1981, inaugura-se oficialmente o Memorial, com a presença dos Excelentíssimos Srs. Presidente e Vice-Presidente da República, Governador do Distrito Federal, Ministros de Estado, Presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Presidentes de Tribunais Superiores, parlamentares federais e estaduais, Presidentes dos Tribunais de Justiça e de Contas do Distrito Federal, bem como outras autoridades federais, embaixadores e outros representantes diplomáticos, Governadores de Estados, Prefeitos, Vereadores, presidentes de partidos políticos, representantes das Forças Armadas, do Clero, da Imprensa, entidades de classe, escolas, clubes e o Povo.

Em tempo recorde - 1 ano e 5 meses -, em ritmo de Brasília, a monumental obra é inaugurada e aberta à visitação pública. As solenidades oficiais de inauguração tiveram início na ante-véspera, no Campo da Esperança, dia 10, com a exumação dos restos mortais do Presidente. Ali estiveram presentes Affonso Heliodoro como representante do Memorial JK, bem como o Dr. Carlos Murilo Felício dos Santos, representante da família Kubitschek. A subida do caixão e a exumação do corpo trouxeram de volta o impacto doloroso de sua trágica morte. A lembrança correu célebre, e, como num filme, reviu-se toda uma vida, toda uma convivência de muitos anos, pontilhada sempre pelos grandes momentos que marcam a trajetória das grandes personalidades.

As lágrimas voltaram a correr, queimando os rostos dos presentes. Era a tristeza de ver ali, sem vida, o corpo de quem tanto lutara para salvar vidas, de quem tanto dera de si para fazer desta nação um país rico, desenvolvido, independente, feliz e democrático. As solenidades prosseguiram. Na véspera da inauguração deu-se início à trasladação dos restos mortais de JK para sua definitiva morada. Em carreta do Corpo de Bombeiros - com guarda de honra da Polícia Militar - sai o corpo do Campo da Esperança, seguido por enorme cortejo, para a Câmara dos Deputados. Família, clero, representações diplomáticas, todo o mundo oficial e o povo de Brasília e de outras cidades acorreram para formar o grande acompanhamento. No Salão Negro da Câmara dos Deputados, estava armada a peça onde pernoitariam os restos mortais do Presidente. Ali passariam a noite sob a vigília do generoso povo da Capital que criou.

As Lojas Maçônicas de Brasília organizaram grupos que se revezaram durante 24 horas. Os presentes oravam. Era o último adeus a seu líder. Era a homenagem de Brasília ao seu Fundador. No dia seguinte, 12 de setembro de 1981, o cortejo sai da Câmara dos Deputados para o Memorial. Desfila pela Praça dos Três Poderes.A guarda do Palácio do Planalto presta-lhe continência. Ao longo do Eixo Monumental segue o cortejo. Ao lado de seu Memorial está formada a tropa do Exército Brasileiro para prestar-lhe honras fúnebres, com descargas de fuzis.

Representações de tropas das três armas - Marinha, Exército e Aeronáutica, em uniforme de gala histórico - prestam-lhe as últimas homenagens à entrada do Memorial. Homenagens devidas ao Chefe de Estado falecido. Uma salva de 21 tiros de canhão - após o ofício da missa rezada por Dom José Newton, Arcebispo de Brasília, com a participação da Orquestra Sinfônica, coro e uma interpretação de Maria Lúcia Godoi - dá início ao ato final do sepultamento. E, às 18 horas, no crepúsculo incendiado de Brasília, soa, triste e comovente, o toque de silêncio no clarim de um fuzileiro naval. É o último adeus da Pátria ao seu grande benfeitor. É a despedida. O Presidente Juscelino Kubitschek irá para a sua derradeira morada. Seu último pouso. Seu descanso, enfim. O momento é de grande emoção. As pessoas choram em silêncio ou se lamentam. Sabem o significado da grande perda!

O sol vai-se escondendo. E, à medida em que desce lento no horizonte - como se quisesse ficar mais um pouco em companhia daquele que o vira nascer e esconder-se, sempre deslumbrado com o seu espetáculo -, de outro lado, por cima do memorial, sobre a cúpula da Câmara Mortuária onde repousará o Presidente, surge uma lua cheia, enorme, mas fria e triste. Vem também despedir-se, e significar ao seu companheiro de tantas noites, a saudade imensa e a dor profunda que ele causa com sua partida. O sol se põe, JK é sepultado. Seu corpo será presa eterna daquele ataúde negro. Suas idéias, sua memória, seus ideais e seu exemplo serão fontes perenes de esperança e de fé no Brasil. Brasil que ele tanto amou.

As lágrimas derramadas no exílio, na solidão das grandes cidades, hão de ter caído de mansinho no coração de seu povo. Esse povo que jamais o abandonou e que cultua com amor a grande saudade daquele que foi - acima de tudo brasileiro. Agora estão definitivamente depositados os restos mortais do Presidente Juscelino Kubitschek, na urna de sua Cripta Mortuária. Aí permanecerão para sempre, lembrando aos pósteros a epopéia da construção da nova Capital, a conquista do Centro-Oeste e a obstinada luta em prol do desenvolvimento econômico do Brasil e do bem-estar social de seu povo - fatos que marcaram o seu fecundo período de governo.

A conciliação, a concórdia, o entendimento foram sempre apanágio de sua personalidade. E seu Memorial - um dos marcos definitivos e primeiros da abertura política neste país trouxe ao povo brasileiro mais esta lição de sabedoria política: governo, oposição e o povo podem unir-se numa demonstração grandiosa de que o entendimento, a concórdia e a conciliação são possíveis quando os objetivos transcendem o interesse individual, o interesse partidário. O Memorial hoje, como seu Patrono, simboliza este grande gesto de congraçamento de que tanto está precisando nossa pátria para transpor os obstáculos desta fase difícil de nossa História. O povo brasileiro, que assistiu e participou da epopéia e de sua construção e das grandiosas solenidades de sua inauguração, continua prestigiando JK com sua permanente e emocionada freqüência, testemunhando, a cada dia, que a figura de Juscelino Kubitschek não cairá no esquecimento daqueles de quem ele jamais esqueceu.

O Memorial vem cumprindo sua missão e finalidade: A história de Juscelino foi revivida; seu túmulo visitado; seus ideais democráticos decantados; sua obra divulgada. A singularidade de sua personalidade de político e invulgar homem público repetida para e por milhares de pessoas. O Memorial é hoje o espaço cultural mais visitado de Brasília. Não apenas o povo, mas personalidades daqui e de outras partes do mundo têm vindo e demonstrado sua emoção e respeito pelo homem cuja vida e obra impuseram a construção de seu Memorial.

Mas só a determinação de manter viva a memória de Juscelino - demonstrada por dona Sarah, e tantos outros - tornou possível inaugurar o Memorial JK no dia 12 de setembro de 1981, aniversário de Juscelino e "Dia do Pioneiro de Brasília". A Comissão de Brasília, presidida pelo Dr. Francisco Carneiro, encarregada de promover o andamento das obras, além de realizar campanhas destinadas a conseguir recursos, fez cumprir o cronograma do empreendimento, em "ritmo de Brasília", como nos tempos de Juscelino. Destacaram-se nesse trabalho de História e de pioneirismo Dario de Souza Clementino, Almir Francisco Gomes, Lindberg Aziz Cury, Newton Egydio Rossi, Roberto Wagner Monteiro e outros dedicados companheiros do ex-Presidente. O engenheiro Sérgio Vasconcelos, convocado para construir o Memorial, administrou a monumental obra - com sua empresa, a SERGEN - sem que esse trabalho custasse um centavo ao Memorial.

Com o mesmo interesse e o mesmo espírito, Sérgio Vasconcelos e sua Empresa continuam prestando assistência e colaboração ao Memorial de Juscelino. Esta obra foi realizada com a colaboração do empresariado e de todo o povo brasileiro, através de doações, além de verbas de Governos Estaduais e Prefeituras, sendo de justiça destacar o apoio dos governadores Paulo Maluf, de São Paulo; Francelino Pereira, de Minas Gerais; Chagas Freitas, do Rio de Janeiro, Ari Valadão, de Goiás; Virgílio Távora, do Ceará, e Marco Maciel, de Pernambuco. O Memorial é uma das mais belas obras arquitetônicas de Brasília e a mais tocante homenagem do povo brasileiro ao seu grande Presidente Juscelino Kubitschek.

REFERÊNCIA:
HELIODORO, Affonso - Brasília. Memorial JK - Um Monumento e Centro de Cultura