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Brasília, meta síntese do
Plano de Metas, surgiu como proposta do governo de Juscelino Kubitschek
durante seu 1o. comício como candidato à Presidência da República,
em 4 de abril de 1955, na cidade de Jataí (GO). Um rapaz de apelido
Toniquinho perguntou a JK se, caso ele fosse eleito, cumpriria a Constituição,
que em um dos seus artigos estipulava a mudança da Capital do país
para o interior. JK respondeu afirmativamente. Nascia, assim, o sonho
da construção da nova Capital. O Brasil teve, no decorrer de sua história,
três capitais: Salvador (1549-1763), Rio de Janeiro (1763-1960) e
Brasília. As duas primeiras foram escolhidas por suas posições estratégicas,
naquela época consideradas excelentes. Diversas razões levaram à transferência
da Capital para Brasília, sendo a promoção da integração nacional
a mais forte delas.
Na realidade, a idéia da transferência da Capital para o interior
era muito antiga. Já no século XVIII, em 1789, os Inconfidentes mineiros
propunham uma república nova e independente de Portugal, cuja Capital
seria S. João del Rey. Em 1815, Hipólito da Costa, editor em Londres
de um jornal em língua portuguesa chamado "Correio Braziliense", escreve
uma série de artigos enumerando as desvantagens de uma Capital litorânea
e reforçando a idéia da mudança para o interior, desta vez sob o argumento
da "integração nacional". Com a independência do Brasil, em 1822,
os ideais daquele jornalista passam a fazer parte da 1a. Constituição
brasileira, que contou entre seus mentores com a figura de José Bonifácio
de Andrada e Silva, ardoroso defensor da idéia de mudança da Capital
para o interior e que, inclusive, propôs alguns nomes: "Brasília,
Petrópolis ou qualquer outro nome."
Em 1839, a idéia, que caíra no esquecimento, é retomada por Adolfo
de Varnhagem que, através de reportagens e livros, luta durante quase
20 anos para que a mudança se concretize, sugerindo que a futura Capital
deveria se localizar nas terras entre as Lagoas Formosa, Feia e Mestre
d'Armas, na cidade de Planaltina (GO). Em 1883, na Itália, ocorre
um fato curioso: um sacerdote de nome D. Bosco tem um sonho profético.
Guiado por um anjo, ele percorre toda a América do Sul. O trecho do
sonho de D. Bosco que deu origem a argumentos favoráveis à construção
de Brasília no Planalto Central diz o seguinte: "Entre os graus 15
e 20, aí havia uma enseada bastante extensa e bastante larga, que
partia de um ponto onde se formava um lago. Nesse momento disse uma
voz repetidamente: - Quando se vierem a escavar as minas escondidas
em meio a estes montes, aparecerá aqui a terra prometida, onde correrá
leite e mel. Será uma riqueza inconcebível”.
Com a proclamação da República, em 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca
nomeia uma comissão para elaborar um projeto de Constituição do novo
regime. Esta, promulgada em 1891, diz em seu artigo 3o. que "passa
a pertencer à União, no Planalto Central, uma área de 14.400 km2 para
nela se estabelecer a futura Capital do país". A expressão “Planalto
Central” deu origem a acirrada disputa entre goianos e mineiros pela
área para onde se transferiria a Capital. Os mineiros entendiam que
boa parte de Minas situava-se no Planalto Central e argumentavam que
seria muito melhor construir a nova cidade no Triângulo Mineiro, que
possuía terras férteis e já dispunha de excelente rede ferroviária,
do que fazê-lo no planalto goiano, de terras pobres, sem nenhuma estrada
de acesso e distante mil quilômetros dos fornecedores de materiais
de construção. Esta disputa perdurou até a escolha definitiva do sítio
onde se situaria a nova Capital, feita durante o governo de JK.
Em 1892 é criada a Comissão Exploradora do Planalto Central, sob a
chefia de Luiz Cruls, um engenheiro, que juntamente com sua equipe
composta de médicos, geólogos, farmacêuticos e botânicos, faz um estudo
da região estipulada na Constituição, demarca a área e entrega seu
Relatório ao Governo em 1894. As discussões continuam e nas comemorações
do Centenário da Independência, em 1922, dá-se mais um passo na concretização
da idéia mudancista, com o lançamento da pedra fundamental da nova
Capital em Planaltina (GO). Nos anos que se seguem o Brasil passa
por sucessivas mudanças: duas Constituições são promulgadas, a de
1934 e a de 1937 e a idéia da transferência permanece. Com a queda
de Vargas em 1945, é elaborada uma nova Constituição que estabelece
mais uma vez a mudança da Capital para o interior. Forma-se então
uma nova Comissão de Estudos para a localização da nova Capital do
Brasil, sob a chefia do General Poli Coelho, cujo relatório, entregue
em 1948, aumenta consideravelmente a área estipulada, passando esta
a ser de 77.250 km2.
O Presidente Dutra autoriza, então, o início da construção da futura
Capital. Porém a discussão permanece no Congresso por mais 5 anos.
Só em 1953, já no 2o. mandato de Vargas, é que o Congresso autoriza
os estudos definitivos para a localização da nova Capital do país.
Para tal, cria-se uma Comissão de Localização da Nova Capital Federal,
agora sob a chefia do General Caiado de Castro, que, no inicio de
1954, contrata a firma norte-americana Donald J. Belcher and Associates,
especializada em estudos de aerofotogrametria (isto é, levantamento
de um terreno, através de fotografias aéreas). Esta firma seleciona
5 sítios dentro de uma área de 50.000 km2 e dentre estes indica o
Sítio Castanho como o mais adequado para nele se construir a nova
Capital. Com o suicídio de Vargas, em 1954, assume a Presidência Café
Filho que, em mensagem ao Congresso faz alusão à mudança da Capital
federal. O Marechal José Pessoa substitui o Gal. Caiado de Castro
na chefia da Comissão de Localização e opta igualmente pelo Sítio
Castanho. Nesta época, JK dá início a sua campanha para a Presidência
e assume o desafio de construir em curto espaço de tempo a futura
Capital do país.
REFERÊNCIA:
TAMANINI, Brasília - Memória da Construção
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